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Simpósios Temáticos

ST01 - O Trabalho com Manuscritos Medievais

Coordenadoras: Profa. Dra. Maria Cristina Pereira (USP); Pamela Wanessa Godoi (Doutorado - USP)

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Resumo: Os livros manuscritos são objetos em que podem ser encontrados indícios importantes tanto da cultura textual quanto visual e material da Idade Média, o que os torna fontes interdisciplinares privilegiadas. Com poucos exemplares conservados no Brasil, os manuscritos medievais por muito tempo só foram acessíveis aos pesquisadores brasileiros por meio de reproduções – de seus textos e imagens – ou ainda, em raras oportunidades, quando de trabalhos de campo no exterior. Muitas vezes, essas dificuldades fizeram com que os manuscritos, em sua natureza material, se perdessem na esfera do trabalho dos medievalistas, com os textos sendo estudados apenas a partir de edições modernas e as imagens sendo analisadas autonomamente. No entanto, com o crescente acesso a bancos de dados on-line, esta realidade tem se alterado, possibilitando o alargamento das pesquisas nas diversas áreas tratando de textos, de imagens e da materialidade dos códices. Por outro lado, novos desafios também são colocados, sendo necessário refletir sobre o acesso digital aos manuscritos e seus limites e apresentar novas propostas de investigação que contemplem, além do objeto físico, sua versão eletrônica. Esse simpósio tem por objetivo abrir diálogos teórico-metodológicos com pesquisadores das várias áreas (como História, História da Arte, Paleografia e Codicologia) que se dedicam ao trabalho com manuscritos medievais, tanto em sua dimensão material quanto em ambiente virtual.

ST02 - Estado e reinos cristãos na Península Ibérica: problemas conceituais e desafios metodológicos

Coordenadores: Profa Dra. Maria Filomena Coelho (PEM-UnB); Prof. Dr. João Cerineu de Carvalho (UNESA)

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Resumo: Este Simpósio Temático (ST) acolhe comunicações que se proponham a considerar o problema do Estado como conceito e forma política para interpretar historicamente as configurações e o exercício do poder nos reinos cristãos da Península Ibérica na Idade Média. Apesar de se tratar de uma época sobre a qual alguns especialistas costumam negar a existência do Estado, para outros, o medievo oferece um panorama de pluralidade jurídica em suas práticas políticas, assentado em discursos e realidades que mostram a persistência da autoridade pública, embora fosse exercida por diferentes centros de poder.  Frequentemente, os esforços para “encontrar” o Estado na Idade Média, ou as suas origens, têm se revelado muito pouco operativos para entender aquela ordem política e jurídica, oscilando, por um lado, entre evidências da precocidade com que o Estado Moderno surgiu “já” na baixa Idade Média e, por outro, obstáculos que “ainda” não permitiam sua manifestação apropriada. Nesse sentido, as práticas de tipo pluralista e corporativo são consideradas impeditivas à emergência do Estado. Diante desses problemas de interpretação é necessário que o conceito de Estado, quando usado para se referir a uma manifestação concreta das relações de poder na Idade Média, seja submetido às tensões históricas, o que poderá vir a esclarecer as suas especificidades. Em termos metodológicos, o alargamento do horizonte institucional, ao incluir a aristocracia cristã (laica e eclesiástica) na configuração do poder público, supera as fronteiras que academicamente se construíram em torno das especialidades temáticas e a tendência a considerar o Estado como uma entidade estática, alheia às correlações de força entre os grupos socialmente dominantes e desses com os grupos dominados.

ST03 - Modos de escrever o passado: narrativas cronísticas e genealógicas na Idade Média (séculos V-XV)

Coordenadores: Prof. Dr. Rodrigo Bragio Bonaldo (UFSC); Prof. Me. Rodrigo Prates de Andrade (UFBA)

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Resumo: Nas palavras de historiadores como Bernard Guenée e Justin Lake por muitos anos aqueles que se debruçavam nos gêneros “historiográficos” medievais procuravam modos de “encontrar o passado” – como se aqueles documentos se transmutassem em “janelas” para outras temporalidades –, a desconsiderar intenções, formas de compreender o mundo e contextos sociais. Eles se constituíam como documentos capazes de fornecerem informações aos historiadores sobre os aspectos aos quais versavam. Por outro lado, como apontam os próprios autores, pesquisas recentes buscaram observar nesses textos não apenas “fatos” sobre o passado, mas as modalidades pelas quais foram compostos. O presente simpósio pretende, justamente, colocar em discussão estes modos pelos quais o passado era escrito, tendo como foco dois gêneros narrativos que frutificaram em quase todo o período que chamamos de Idade Média: as crônicas e as genealogias. Desse modo, ao considerarmos a profusão de obras cronísticas e genealógicas escritas nestes séculos – tanto em ambientes laicos quanto eclesiásticos – e a importância política e cultural que estas alçaram, buscamos dar a conhecer trabalhos que abordem esses gêneros historiográficos não apenas como “janelas” aos passados que propunham apresentar, mas também os modos pelos quais aqueles passados eram remodelados ou mesmo inventados tendo em vista seus respectivos presentes.

ST04 - Os Mendicantes no Tempo de Dante (séculos XIII – XV)

Coordenadores: Prof. Dr. Felipe Augusto (UFPE); Prof. Me. André Pelegrinelli (USP / Università degli Studi di Roma La Sapienza

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Resumo: Dante, no Paraíso, conheceu as lamentações de Tomás de Aquino e Boaventura de Bagnoregio sobre a degradação de suas ordens. No canto XI Tomás louva a vida de Francisco de Assis e, no canto XII, é o Doutor Seráfico quem elogia a vida de Domingos de Gusmão. “L’un fu tutto serafico in ardore / l’altro per sapienza in terra fue / di cherubica luce uno splendore. // De l’un dirò, però che d’ambedue / si dice l’un pregiando, qual ch’om prende, / perch’ ad un fine fur l’opere sue” (Paraíso, XI, 37-42). A queixa sobre a corrupção do presente e a consequente busca pelo retorno ao passado glorioso é uma das forças motrizes do cristianismo e, em especial, dos grupos cujo carisma se confunde à figura do fundador. Dante, ao trocar elogios entre os teólogos, não só destacava essa característica comum em toda a histórica mendicante, mas estabelecia uma relação de amizade entre as ordens que não encontrava respaldo em sua vida terrena. O contexto no qual foram gestadas a cultura de Dante e as ordens mendicantes é o mesmo. O uso do vulgar, o ambiente citadino e laico e a reelaboração da cultura clássica, por exemplo, são elementos comuns a ambos os universos. Inspirado nessa trama cultural, esse simpósio temático busca congregar trabalhos dos mais diferentes campos das humanidades que pensem as ordens mendicantes medievais ao longo do Medievo, sua história, literatura, arte, patrimônio intelectual e herança, nos ramos masculino, feminino e laico, bem como as relações estabelecidas entre estes agentes e o século.

ST05 - História Medieval na sala de aula e no livro didático: experiências docentes

Coordenadores: Profa. Dra. Patrícia Cristina de Aragão (UEPB); Prof. Me. Silvano Fidelis de Lira (UFPB)

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Resumo: Este Simpósio Temático busca reunir experiências de prática pedagógica e de pesquisa que versem sobre as representações sobre a História Medieval presentes em alguns dos manuais escolares produzidos no Brasil após o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) implementado em 1996, bem como em práticas desenvolvidas em sala de aula. Busca ainda entrever as distâncias e aproximações entre o saber acadêmico e o saber escolar, além de possíveis rupturas e permanências no olhar pejorativo sobre a Idade Média, que se mantém presente no ensino de História nas escolas brasileiras.

ST06 - Debates sobre o gênero epistolar na Idade Média

Coordenadores: Profa. Dra. Carolina Coelho Fortes (UFF); Prof. Dr. Igor Salomão Teixeira (UFRGS)

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Resumo: O gênero epistolar tem origem remota. Inicia-se, para a cristandade, com as epístolas de Paulo, embora tenhamos vários exemplos entre os romanos do período republicano imperial. Cartas são muito adequadas para autoexpressão e à comunicação. Ao contrário de tratados eruditos, há muito as cartas são acessíveis a mulheres e homens por conta da forma direta como veiculam ideias e emoções, além da disponibilidade imediata da audiência que as pressupõe. Assim, as cartas foram veículo privilegiado de trocas, negociações e são importantes documentos para a análise histórica. Em especial, para a Idade Média, existem quantidades relativamente significativas dessa manifestação da cultura escrita. O objetivo deste simpósio temático é reunir pesquisadoras e pesquisadores interessadas/os em discutir aspectos próprios da elaboração desse tipo de documento, da circulação de informações, das relações de poder e de gênero no período medieval.

ST07 - Estudos de gênero e História Medieval: diálogos em rede

Coordenadores: Profa. Dra. Daniele Gallindo Gonçalves (UFPel); Prof. Dr. Marcelo Pereira Lima (UFBA)

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Resumo: Os Estudos de Gênero tornaram-se uma das referências fundamentais para a discussão de novos paradigmas de conhecimentos. Esse campo de investigação tem auxiliado na revisão de referenciais teórico-metodológicos e epistemológicos, na discussão contextualizada de documentos de diferentes modalidades e, por fim, na problematização da história da historiografia e suas relações interdisciplinares. É clara a incorporação paulatina de ramos dos Estudos Feministas, da História das Mulheres, dos Estudos de Masculinidades, dos Estudos Queer e dos chamados Gender's Studies no campo das pesquisas sobre o mundo medieval. Eles têm contribuído significativamente para rever o mainstream historiográfico atual e desfazer estereótipos, discriminações e desigualdades sociais. O debate em torno das epistemologias decoloniais e das interseccionalidades também tem impactado os estudos historiográficos, impulsionando a colaboração nacional e internacional para uma reflexão mais humanista e (auto)crítica de variados fatores sociais. Esses campos de investigação multidisciplinar têm afetado a História Medieval de diferentes maneiras, apesar de constituir ainda um seguimento teórico-metodológico minoritário e ainda hesitante nas atividades de pesquisa, ensino e extensão universitárias. Diante dessa marginalidade, o presente Simpósio Temático pretende reunir pesquisadoras(es) do Brasil e do exterior, localizadas(os) em diferentes fases de formação, que queiram divulgar seus trabalhos de pesquisa, ensino e extensão. A metodologia do ST girará em torno de apresentações em mesas temáticas seguidas de debates.

ST08 - Estudos do Discurso Medieval

Coordenadores: Profa. Dra. Wanessa Asfora Nadler (U. Coimbra) e Prof. Dr. Gabriel Castanho (UFRJ)

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Resumo: “Aqueles que não conhecem as letras, lêem a pintura, de modo que essa desempenha o papel da leitura, sobretudo entre os pagãos” (GREGORIO MAGNO). “Preguemos por nossas mãos as palavras de Deus, pois nós não o podemos fazer com nossas bocas”. (GUIGO Io). “Rezemos a Deus, doador da vida e revelador da medicina verdadeira e salutar, para que nos revele remédios eficazes contra a peste e nos conserve o seu dom da vida, para sua glória e seu louvor.” (MARSÍLIO FICINO). Separadas por séculos e temas diferentes, as frases convergem em pelo menos um aspecto: a busca pela eficácia do que hoje poderíamos chamar de “discurso”. Se “discursus” possuía significados diferentes na Idade Média, as frases citadas carregam em si uma ideia bastante próxima em relação a certa concepção atual do termo, uma vez que remetem não mais a: “conjuntos de signos (...), [mas a] práticas que formam sistematicamente os objetos de que falam” (FOUCAULT). Dentre esses objetos, o conhecimento científico também deve ser compreendido como um construto de discursos. No cruzamento entre práticas e representações, o presente ST pretende se dedicar ao estudo dos discursos produzidos na e sobre a Idade Média, pois como lembra Didi-Huberman, “a prática salutar [é]: dialetizar”. São bem-vindos trabalhos que se dediquem ao estudo dos discursos, como esses são arquitetados, produzidos, divulgados, por meio de quais suportes, para quais públicos, como atuam na organização social e como essa mesma organização neles atua.

ST09 - A filosofia e a ciência entre o medievo e a modernidade: rupturas e continuidades

Coordenadores: Prof. Dr. Marco Aurélio Oliveira Da Silva (UFBA); Profa. Dra. Roberta Miquelanti (UFBA)

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Resumo: A compreensão da passagem do medievo à modernidade está em traçar de maneira precisa um marco temporal que indique a divisão entre esses dois períodos históricos, uma segunda dificuldade consiste na interpretação da passagem da filosofia e da ciência medieval à filosofia e à ciência moderna. Duas interpretações históricas diferentes se apresentam: a primeira interpreta essa passagem como uma ruptura, de forma que a filosofia moderna e o cartesianismo rompem de maneira definitiva com o método escolástico; a segunda interpretação propõe uma continuidade entre o pensamento escolástico e o pensamento moderno, mostrando como as novidades presentes na filosofia moderna podem ser vistas como um prolongamento ou desenvolvimento de questões exploradas pelo pensamento escolástico, sejam elas metafísicas ou científicas. Este simpósio temático tem como objetivo refletir como diferentes autores pensaram conceitos e problemas que contribuem para a compreensão da transição do período medieval ao moderno, particularmente na construção dos saberes filosóficos e científicos.

ST10 - Narrativas do Passado Medieval: Entre Textos e Imagens

Coordenadoras: Profa. Drª. Flávia Galli Tatsch (UNIFESP)  e Profa. Drª. Renata Cristina de Sousa Nascimento (UFG/PUC-GO/UEG)

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Resumo: Em artigo sobre a narrativa e o mundo real David Carr (2016), apresenta a seguinte questão: Qual é a relação entre a narrativa e os eventos por ela descritos? Ele acredita que “a narrativa não é apenas uma maneira bem-sucedida de descrição dos eventos; sua estrutura é inerente aos próprios eventos” (CARR, 2016: 230). Estas considerações são importantes para uma compreensão inicial das narrativas construídas sobre o passado. Narrar o passado é um processo complexo que inclui um texto articulado a fragmentos deixados (no) e pelo tempo. Estas pistas do passado podem estar presentes em textos escritos ou imagens que nos revelam as experiências vividas e/ ou representadas. Nosso objetivo é reunir artigos que relacionem fontes variadas como crônicas, hagiografias, sermões, imagens e objetos (entre outras), que tenham por contexto o passado medieval em suas múltiplas faces e significados. O processo narrativo pode também resgatar experiências e ações humanas em suas configurações temporais e simbólicas, expressas através destes mesmos vestígios, que nos aproximam do vivido.

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